A frase de Guimarães Rosa

É assustador quando certas circunstâncias da vida nos levam a recordar a frase do escritor Guimarães Rosa em uma de suas célebres obras literárias, Grande Sertão: Veredas, "a vida é um sopro". A morte súbita, um acidente, um diagnóstico fatal, são situações difíceis de enfrentar e algo evitável de se imaginar. Pensar que estou escrevendo este texto e talvez antes dele ser publicado posso não estar viva, realmente, leva a qualquer um de nós a duas atitudes: o desespero ou a reflexão.

Prefiro a última opção. É preciso saber viver, e não vejo melhor forma de passar os dias, senão, dizendo aos que amo, tudo que sinto. Tudo passa é fato, mas o amor próprio que emana ao nosso redor e em nossos pares permanece. Então, amo-te e só espero poder viver tudo o que almejo. Ter o privilégio de envelhecer, presenciar meus netos e outros membros de outras famílias fazerem parte da minha. Acompanhar esse ciclo o máximo que puder. Quem sabe ver meus bisnetos antes de partir.

No momento acho cedo demais, estou aqui e com muito a fazer. Que o sopro seja de revida, revigorante, que me permita continuar meu aprendizado neste plano. Que seja do privilégio de evoluir, antes de me tornar uma alma eterna.

O que nos resta diante do incerto é sorrir devagar, para ficar feliz mais tempo ou enquanto a luz divina permitir permanecer de pé, já que o momento da partida é um mistério.

Mas se, inesperadamente, o sopro do adeus vier, aceito, pois, acredito no saber divino de que cumpri a missão proposta. Portanto, se o imprevisível me roubar o chão pretendo abrir asas e seguir ao vento.

"(...) É preciso saber viver, e não vejo melhor forma de passar os dias, senão, dizendo aos que amo, tudo que sinto(...)"